A música gaúcha de origem tradicionalista parece ter origem na escola literária do parnasianismo, por sua semelhança quando canta coisas da natureza e do ambiente como: a terra, o chão, os costumes, o cavalo - e pela musicalidade, sempre buscando a rima num arranjo muito acertado com as melodias, criando entre letra, música e dramatização, uma dinâmica que rebusca origens e paixões. Vale a pena estudar este aspecto e descobrir que por outras origens históricas podemos enriquecer nossas culturas.
O estilo musical gauchesco mostra também origens fortes na música flamenca espanhola, e na música portuguesa. Os campos harmônicos bem arranjados, denotam ritmos bem elaborados e melodias com dois ou mais violões. Com uma formação harmônica/melódica complexa, a música tradicionalista torna-se difícil de ser interpretada em alguns casos, por outros grupos ou músicos que não possuem ligação direta com a cultura gaúcha.
Música nativista é um gênero musical brasileiro característico do Rio Grande do Sul e que tem como temas principais o amor pelas coisas do estado, pelo campo, pelo cavalo, pelos rios e pela mulher.
A música nativista é construída em cima de um andamento mais lento e intimista, com letras bastante elaboradas, conotativas e metafóricas.
Fátima Gimenez - Cabo Toco
Composição: Nilo Bairros de Brum / Fátima Gimenez
Dm Gm Bb A7
A7 Bb
Foi no lombo de um cavalo que descobri horizontes
Bº A7 D
Em vez de vestir bonecas andei gritando repontes
Bm F#7 Bm Bm(7M) Bm7 Bm6
Entrei de frente na história e acredite quem quiser
G A7 D
Em vinte e três fui soldado sem deixar de ser mulher
Em7 A7 D D4 D
Em vinte e três fui soldado sem deixar de ser mulher
Em7
(Me chamam de Cabo Toco
A7 D
Sou guerreira, sou valente
E7
Do Primeiro Regimento
A7 D
Enfermeira e combatente
Em7
Me chamam de Cabo Toco
A7 D
Só não sabe quem não quer
E7
/Debaixo do talabarte
Eb D
Há um coração de mulher/)
Int.
A7 Bb
Lutei contra Honório Lemes na serra do Caverá
Bº A7 D
Na ponte do Alegrete meu fuzil estava lá
Bm F#7 Bm Bm(7M) Bm7 Bm6
Enfrentei o Zeca Neto sem temor da "colorada"
G A7 D
Anita sem Garibaldi, já nasci emancipada
Em7 A7 D D4 D
Anita sem Garibaldi, já nasci emancipada
( ) Int.
Dm/C# Dm/C G/B
A velhice me encontrou com a miséria na soleira
Gm/Bb Dm Bb A7 D
A ver a vida por frestas num subúrbio de cachoeira
Bm F#7 Bm Bm(7M) Bm7 Bm6
Digo aos curiosos que trazem ajudas interessadas
G A7 D
Que não quero caridade quero justiça e mais nada
Em7 A7 D D4 D
Que não quero caridade quero justiça e mais nada
( ) / / Eb D
Inclusão Original:www.cifras.tchenet.com.br
Nativismo e Tradicionalismo
Apesar de tratar dos mesmos temas que os tradicionalistas, os nativistas discordam destes em alguns pontos. Entre os pontos de maior divergência estão o passado do Rio Grande do Sul e a influência espanhola dos países vizinhos.
São divergências bastante sutis, mas podem ser percebidas em certas canções, como por exemplo "Sabe, Moço", cantada por Leopoldo Rassier, que fala da tristeza de um soldado que lutou nas guerras históricas do estado e recebeu cicatrizes em vez de medalhas. É um assunto que dificilmente seria abordado pelos tradicionalistas, que preferem ver glória e heroísmo nas mesmas guerras.
Quanto à influência espanhola, os tradicionalistas têm um certo desprezo por considerar que os espanhóis muitas vezes no passado foram inimigos nas guerras em que o estado se envolveu. Os nativistas, por outro lado, não se envergonham de admitir que muitas características culturais e folclóricas são originárias dos países vizinhos (Argentina e Uruguai), muitos chegam a gravar músicas em espanhol e até se fala em "três pátrias gaúchas" (Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul).
Outro ponto de divergência entre tradicionalistas e nativistas é a religião. Tradicionalistas na maioria das vezes são católicos fervorosos, enquanto alguns nativistas poucas vezes falam em Deus, e há letras que chegam a falar em Ateísmo (como por exemplo a canção Changueiro De Vida E Lida, cantada por Adair De Freitas, Jari Terres e Luiz Marenco).
Ritmos Musicais
Entre os principais ritmos de música nativista estão: a milonga, o chamamé, a chamarra, a polca, o rasguido doble, a vaneira e a rancheira.
Existem vários ritmos que fazem parte da cultura gaúcha alguns são variações de danças de salão centro-européias populares no século XIX. Esses ritmos, derivados da valsa, do xote, da polca e da mazurca, foram adaptados surgindo daí a vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, xote, polonaise e chimarrita dentre outros.
Há controversias nestas origens.
O único ritmo que realmente é gaúcho é o bugio, criado pelo gaiteiro acordeonista Wenceslau da Silva Gomes, conhecido como Neneca Gomes, em 1928, na então província de São Francisco de Assis. Inspirado no ronco dos bugios, macacos que habitam as matas do Rio Grande do Sul, o ritmo foi banido de lá por ser considerado obsceno, mas foi cultivado em São Francisco de Paula na serra gaúcha, onde até hoje é realizado o festival nativista "O Ronco do Bugio".(vejam mais aqui).
A partir de 1970, com a criação da Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana, começaram a surgir festivais de música nativa, que incentivaram o surgimento de novos estilos, de músicos e compositores, naquilo que passou a ser chamado de música nativista. A música nativista na verdade é formada por ritmos que já existiam, com destaque para a milonga e o chamamé, porém com canções mais elaboradas e com letras quase sempre dedicadas ao Rio Grande do Sul.
Chamamé
É um gênero músical tradicional da província de Corriente , Argentina , , apreciado também no Paraguai e em vários locais do Brasil(i.e. nos estados do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina , Paraná e Rio Grande do sul) e em outros países. Em sua origem se integram raízes culturais dos póvos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes Italianos.
Detalhes rítmicos:
*A formula de compasso do chamame é o 3/4.O chamamé tem a marcação do baixo em contraponto com a melodia .Dá para fazer bem esta contagem no video que selecionamos abaixo.
- Neste video podemos ver um belo exemplo de chamamé com Canto Alegretense a partir dos 3min56seg.Aprendizes de violão podem tocar junto com o Neto Fagundes.
Cante junto:
Canto Alegretense
Não me perguntes onde fica o Alegrete Segue o rumo do seu próprio coração Cruzarás pela estrada algum ginete E ouvirás toque de gaita e violão Prá quem chega de Rosário ao fim da tarde Ou quem vem de Uruguaiana de manhã Tem o sol como uma brasa que ainda arde Mergulhado no Rio Ibirapuitã Ouve o canto gaucheso e brasileiro Desta terra que eu amei desde guri Flor de tuna, camoatim de mel campeiro Pedra moura das quebradas do Inhanduy E na hora derradeira que eu mereça Ver o sol alegretense entardecer Como os potros vou virar minha cabeça Para os pagos no momento de morrer E nos olhos vou levar o encantamento Desta terra que eu amei com devoção Cada verso que eu componho é um pagamento De uma dívida de amor e gratidão mais cifras aqui
Canto Alegretense
de Bagre Fagundes e Nico Fagundes
(intro) G Am D7 G C D/C Bm Em Am D7 G
G Bbº Am7
Não me perguntes onde fica o Alegrete
D7 G G7
Segue o rumo do teu próprio coração
C D/C Bm7
Cruzarás pela estrada algum ginete
Em Am7 D7 G C/D
E ouvirás toque de gaita e de violão
G Bbº Am7
Pra quem chega de rosário ao fim da tarde
D7 G G7
Ou quem vem de Uruguaiana de manhã
C D/C Bm7
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Em Am7 D7 G
Mergulhado no rio Ibirapuitã
Am7 D7 G
(Ouve o canto gauchesco e brasileiro
Am7 D7 G G7
Desta terra que eu amei desde guri
C D/C Bm7 (bis)
Flor de tuna camoatim de mel campeiro
Em Am7 D7 G C/D
Pedra moura das quebradas do Inhanduí)
(intro)
G Bbº Am7
E na hora derradeira que eu mereça
D7 G G7
Ver o sol alegretense entardecer
C D/C Bm7
Como os potros vou virar minha cabeça
página 1
Em Am7 D7 G C/D
Para os pagos no momento de morrer
G Bbº Am7
E nos olhos vou levar o encantamento
D7 G G7
Desta terra que eu amei com devoção
C D/C Bm7
Cada verso que eu componho é um pagamento
Em Am7 D7 G
De uma dívida de amor e gratidão
Rasqueado é o nome dado à batida usada pelos antigos boiadeiros sul matogrossenses à suprir todas cadências das “polcas paraguaias” (galopas, canções e etc) utilizando uma só técnica de batida que, posteriormente, também foi usada para suprir as necessidades rítmicas do chamamé. Já que não se sabia bater a “polca” como os paraguayos faziam ou o “chamamé” (pós 1950) como os correntinos, se batia o rasqueado e se encaixava tudo e por aí seguiam os barulhos necessários de muita dança e apito da boiaderama.(mais detalhes aqui)
Antes Leonardo nos brinda com sua maravilhosa interpretação de Bagual de Chácara.
Bagual de Chácara
Leonardo (RS)
Intro: G D A7 D 2 VEZES
A7
Eu sou um bagual de chácara que fugiu pra o corredor
D
Me boliei perdi os arreios, não tenho dono senhor
D7 G
Rebentei todo o alambrado das convenções dos meus pais
D A7 D
Peguei os freios nos dentes e não voltei nunca mais
G D
Não creio em china chorona nem égua de cola erguida
A7 D
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
INTRO: G D A7 D 2 VEZES
A7
Se como um churrasco gordo me limpo com fio da faca
D
Gosto do cheiro do campo, de ouvir o berro das vacas
D7 G
Me criei com feijão preto, tripa gorda e carne assada
D A7 D
Num tiro de volta e meia, só boto sorte clavada!
G D
Não creio em china chorona nem égua de cola erguida
A7 D
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
INTRO: G D A7 D 2 VEZES
A7
Ninguém me grita buraco se estou de guampa torcida
D
Gaudério de rumo incerto não tá ligando pra vida
D7 G
Sou touro e não sou terneiro, como sal em qualquer coxo
D A7 D
Vaca não berra comigo e não corro de touro moxo!
página 1
G D
Não creio em china chorona nem égua de cola erguida
A7 D
Sou um bagual solto de pata relinxando pela vida
INTRO: G D A7 D 2 VEZES
e aqui
muito bacana o blog, dona raquel, vou fazer um pedido, poste a cifras do fabiano bachieri, os olhos de meu cavalo, original, não encontrei em lugar algum
ResponderExcluirMuito especial esse blog, transmitindo a cultura e tradição de nossa gente e terra, se for possível, teria como colocar a cifra da música: DE CAMPEIRO PRA CAMPEIRO de Jari Terres e Luiz Marenco?
ResponderExcluirProcuro à anos, mas nunca achei a dita.
Abraços fraternais de quebra costela.
Muito especial esse blog, transmitindo a cultura e tradição de nossa gente e terra, se for possível, teria como colocar a cifra da música: DE CAMPEIRO PRA CAMPEIRO de Jari Terres e Luiz Marenco?
ResponderExcluirProcuro à anos, mas nunca achei a dita.
Abraços fraternais de quebra costela.